Dízimo: Superstição ou Obrigação?
Neste artigo, o autor argumenta que Malaquias 3:8-11 nas
mãos dos defensores do dízimo, é uma enorme fraude
exegética. Toma-se o texto fora do contexto criando-se
um pretexto financista
Criar
uma nova doutrina bíblica utilizando textos fora do
contexto é muito fácil. Se tomarmos, por exemplo, Atos
16:30 e 31 isoladamente, poderemos ensinar que basta um
dos membros de uma determinada família se converter para
que todos os demais estejam salvos, afinal não é isto
que Paulo está dizendo? “Crê (crê tu. Paulo
não está dizendo creiam vocês. Ou crede vós)
no Senhor Jesus Cristo, e
serás salvo, tu e a tua casa”.
Que
alívio não traria esta doce mensagem ao coração
amargurado de uma mãe que há mais de 10 anos vem orando
pela conversão de um filho desviado! Agora ela está
feliz pois basta que ela, somente ela, creia e aceite a
Jesus como seu Salvador pessoal e automaticamente todos
da sua casa estarão igualmente salvos.
Certo ou
errado? Que erros grosseiros foram praticados no exemplo
acima?
a)
A doutrina de salvação não pode ser ensinada tendo por
base um só versículo bíblico. (Nenhuma doutrina pode
ser consolidada desta forma).
b) Todos os demais versos
bíblicos que falam sobre o mesmo tema (salvação)
devem ter coerência entre si.
c) Deve-se conhecer o
contexto do texto antes de se criar um pretexto.
É
exatamente isto que acontece com o famoso texto de
Malaquias 3:8-10:
“Roubará
o homem a Deus? Todavia vós me roubais, e dizeis: Em que
te roubamos? Nos dízimos e nas ofertas alçadas. Com
maldição sois amaldiçoados, por que me roubais, vós a
nação toda. Trazei todos os dízimos à casa do tesouro,
para que haja mantimento na minha casa e depois fazei
prova de mim, diz o Senhor dos Exércitos, se eu não vos
abrir as janelas do céu, e não derramar sobre vós uma
bênção tal, que dela vos advenha a maior abastança”.
Talvez
seja este o texto mais distorcido da Bíblia. Embora
quase que universalmente aceito, contém muitos erros de
interpretação. Vejamos:
DÍZIMO É LEI CERIMONIAL
O povo de Israel era governado por vários tipos de leis:
TIPOS
|
INSTRUÇÕES
|
TEXTOS
|
Lei Moral
|
Proibido matar, roubar, adulterar
|
Êxodo 20
|
Lei de Saúde
|
Proibido comer carne com sangue
|
Levítico 17
|
Lei Social
|
Proibido colher bagos caídos. Deixar para os
pobres |
Levítico 19: 9,10
|
Lei Civil
|
Permitido repudiar uma esposa estrangeira
|
Deut 21:10-14
|
Lei Cerimonial
|
Regulamentava toda a prática do culto e da
adoração. |
Levítico 16
|
Depois
de analisar cuidadosamente o quadro acima, pare, reflita
e responda sinceramente. A que lei pertencia a instrução
do dízimo? À lei de saúde? À lei social? À lei civil?
Óbvio
que não! O dízimo se enquadra unicamente na lei
cerimonial. A lei que caducou na cruz. A lei que não tem
mais nenhuma validade para todos nós que vivemos sob o
novo concerto pois mandamentos cerimoniais são para os
judeus do velho testamento.
Tome
cada passagem bíblica sobre dízimo e observe que os
contextos sempre contêm instruções cerimoniais.
Agregados aos dízimos lá estão as ofertas alçadas, os
bodes, os sacerdotes, os levitas, o templo, etc.
Mas,
alguém poderia argumentar que o termo “roubará o
homem a Deus?” faz Malaquias 3:8-10 se enquadrar no
oitavo mandamento da lei moral, “não furtarás”.
Entretanto, cada vez que um judeu quebrava algum
mandamento cerimonial também pecava contra a lei moral.
A ligação é intrínseca. Veja alguns exemplos:
a) Se um sacerdote rapasse os
cantos da barba ou fizesse incisões no corpo estaria
pecando contra a lei cerimonial pois eles deveriam ser
santos ao Senhor e não profanar o Seu nome (Levítico
21:5). Estaria também automaticamente pecando contra
a lei moral, terceiro mandamento, “não tomarás o nome
do Senhor teu Deus em vão” (Êxodo 20:7)
b) Se a filha de um sacerdote
se casasse com um estrangeiro e comesse das ofertas das
coisas sagradas estaria pecando contra a lei cerimonial
(Levítico 22:12 em ligação com Malaquias 2:11)) e
ao mesmo tempo pecando também contra o quinto mandamento
da lei moral, “honra a teu pai e a tua mãe para que
se prolonguem os teus dias na terra que o Senhor teu
Deus te dá” (Êxodo 20:12) Não era esta
desobediência um vexame e uma desonra para um pai
sacerdote, líder religioso dos judeus?
c) Se um judeu, ao invés de
sacrificar animais ao Senhor erigisse um altar a Baal,
estaria pecando contra a lei cerimonial e a lei moral.
Os animais da lei cerimonial sacrificados a um outro
deus implicaria também em pecado contra o primeiro
mandamento da lei moral que diz “Não terás outros
deuses diante de mim”. (Êxodo 20:7).
d) Se um israelita furtasse
alguma coisa de alguém que já tivesse morrido e não
encontrasse um parente próximo para pagar uma
compensação estaria sob o rigor da lei cerimonial.
Deveria fazer plena restituição com acréscimo de vinte
por cento diretamente ao sacerdote trazendo um carneiro
para fazer expiação deste pecado. (Números 5:6-8).
Um procedimento cerimonial para um pecado contra o
oitavo mandamento da lei moral: “Não furtarás”. (Êxodo
20:15)
e) Quando um judeu cometia um
homicídio culposo pecava contra o sexto mandamento da
lei moral que diz “não matarás”. Mas tinha que
cumprir um ritual do código civil fugindo para alguma
cidade de refúgio onde o vingador do sangue não o
poderia atacar. Os vários tipos de leis interligados.
f) Quando uma mulher casada
adulterava ou estava sob suspeita de adultério
(pecado contra a lei moral) o marido a trazia ao
sacerdote para um longo ritual. (lei cerimonial).
Oferta de farinha de cevada, oferta de cereais de
ciúmes, água santa num vaso de barro misturada com pó do
chão do tabernáculo. A mulher então soltava o cabelo,
punha a mão sobre a farinha e bebia a água amarga
fazendo juramentos perante o Senhor. (Levítico 5:11 a 31
– principalmente o verso 29). Novamente a lei moral e a
lei cerimonial andando juntas até a cruz.
Quando Jesus morreu no calvário o véu do Templo se
rasgou de cima em baixo. Neste instante a lei cerimonial
foi cravada na cruz. Caducava o velho concerto. Daquele
momento em diante todos os crentes passariam a viver sob
a nova aliança.
Dízimo é
lei cerimonial, tema do velho concerto. Você conhece
algum texto bíblico que instrua o povo de Deus a pagar
dízimos após a ressurreição de Cristo?
Tome sua
Bíblia e leia atentamente os três primeiros capítulos de
Malaquias e veja que o contexto inteiro está
fundamentado na lei cerimonial.
CAPÍTULO
1 VERSO 7: Pães imundos sobre o altar.
CAPÍTULO
1 VERSO 8: Animais cegos, coxos e doentes sobre o altar.
CAPÍTULO
1 VERSO 10: Fogo debalde no altar do Senhor.
CAPITULO
1 VERSO 11: Incenso e oblação pura.
CAPÍTULO
1 VERSO 12: Mesa impura e comida desprezível.
CAPÍTULO
2 VERSO 3: Esterco do sacrifício.
CAPÍTULO
2 VERSOS 4 e 8: Aliança com Levi.
CAPÍTULO
2 VERSO 13: Altar do Senhor com lágrimas e choro.
CAPÍTULO
3 VERSO 4: Ofertas de Judá como nos dias antigos.
CAPÍTULO
3 VERSO 8: Dízimos e ofertas alçadas.
CAPÍTULO
3 VERSO 14: Andar em luto.
Como
podemos agora tomar o texto de Malaquias, extrair a
porção contida nos versos 8-10 do capítulo 3 e fazer uma
aplicação de roubo de dinheiro para os cristãos de nossa
época? Os ladrões do livro de Malaquias são outros e
eles não estão roubando dinheiro!
MALAQUIAS 3:8-10 NÃO É PARA VOCÊ!
O leitor atento notará que Malaquias 3:8-10 pertence a
um grande texto com início no capítulo 2 verso 1
estendendo-se até o verso 18 do capítulo 3. (Faz-se
necessário ler todo o texto para se captar o contexto).
Atente
para o primeiro verso do capítulo 2. Para quem é a dura
mensagem? Para os sacerdotes, é claro! “Agora, ó
sacerdotes, este mandamento é para vós”. A mensagem
é para os sacerdotes e não para nós. Eles é que estavam
roubando a Deus, e ainda eram bem hipócritas. Veja as
ligações do contexto:
a) Em
que nos amaste? (1:1)
b) Em
que desprezamos? (1:6)
c) Em
que te havemos profanado? (1:7)
d) Em
que o enfadamos? (2:17)
e) Em
que havemos de tornar? (3:7)
f) Em
que te roubamos? (3:8)
Mesmo o
trecho “vós a nação toda” (Mal. 3:9) é dirigida a
eles. É uma hipérbole, uma figura de linguagem que
Malaquias usou querendo dizer: “Tá todo mundo
roubando”.
Entretanto, mesmo que toda a nação estivesse roubando a
Deus, a responsabilidade ainda era dos sacerdotes
conforme declarado no verso 8 do capítulo 2: “Mas vós
vos desviastes do caminho, a muitos fizestes tropeçar
na lei”.
A Bíblia
contém mensagens específicas para determinadas pessoas.
Não podemos tomá-las e sair por aí aplicando-as às
nossas vidas.
Imaginemos um cristão sincero chegando em casa aflito
depois de um sermão. Então veementemente conclama a
esposa e aos filhos para arrumarem as malas pois terão
que mudar daquela casa, daquele bairro, daquela cidade
já! Para onde irão? Para onde Deus mostrar! Por quê?
Ordem bíblica: “ Sai da tua terra, da tua
parentela, e da casa de teu pai, para a terra que eu te
mostrarei” (Gênesis 12:1). Isto não seria uma
loucura? É bom que fique bem claro que esta ordem foi
dada por Deus especificamente ao patriarca Abraão. Ele
deveria se mudar de casa, de cidade, de país. Ele e não
nós.
Se
aplicarmos o mesmo raciocínio para a ordem que Deus deu
a Moisés logo, logo veremos alguns cristãos loucos
conversando com pedras pois Deus lhe disse: “Fala à
Rocha” (Números 20:8). É para nós este mandamento?
Devemos sair por aí dialogando com os rochedos? Ou
deveria alguém começar a construir uma arca só porque a
Bíblia ordenou a Noé “Faze para ti uma arca de
madeira” (Gênesis 6:14)?
Quando
Deus fala com Abraão é com Abraão. Quando Ele fala com
Moisés é com Moisés. Com Noé, Noé. Com sacerdotes,
sacerdotes. É claro que a Bíblia está repleta de grandes
conselhos que podemos e devemos tomar para nós, mas
precisamos submetê-los aos princípios hermenêuticos
adequados.
Dizer
que Malaquias 3:8-10 é uma mensagem para os cristãos do
século XXI é uma fralde exegética. Deus estava dizendo
que os judeus do velho concerto eram ladrões! Mas
afinal, o que eles estavam roubando?
OS
DÍZIMOS DE MALAQUIAS SÃO ALIMENTOS
O dízimo
citado em Malaquias 3:8-10 não é dinheiro. É alimento.
Em coerência com todos os demais textos bíblicos sobre o
assunto, dízimo aqui é MANTIMENTO.
O povo
trazia animais perfeitos para a casa do tesouro e,
provavelmente os sacerdotes corruptos estivessem
roubando os animais sãos e oferecendo em seu lugar
animais defeituosos. Malaquias afirma categoricamente
que os animais eram roubados! (Mal. 1:8 e 13).
Como o dízimo tinha três utilidades básicas: ser
consumido pelo próprio dizimista perante o Senhor
(Deut. 14:23), sustentar o clero (Num. 18:24)
e socorrer os necessitados (Deut. 14:28,29),
todos saíam perdendo. Os sacerdotes estavam roubando a
adoração à Deus. Impediam ao povo cultuar a Deus
conforme as instruções contidas na Lei de Moisés . Eles
estavam roubando a glória de Deus. (Mal.2:7-9).
O ritual dos dízimos estava diretamente ligado à
liturgia, aos procedimentos de culto e à adoração. No
momento em que os sacerdotes desqualificaram o culto,
eles e a nação toda mergulharam no obscurantismo
religioso. Sem luz os outros pecados eram uma questão de
tempo. Desonestidade (2:10); hipocrisia (2:13);
adultério (2:14,15 e 16); roubo (1:13).
Advertências ao clero aparecem em outros trechos da
Bíblia. Em Ezequiel 34:1-10 lemos: “Filho do homem,
profetiza contra os pastores de Israel... Ai dos
pastores de Israel que se apascentam a si mesmos. Não
apascentarão os pastores as ovelhas? Comeis a gordura e
vestis-vos de lã. Degolais o cevado, mas não apascentais
as ovelhas. A fraca não fortalecestes, a doente não
curastes... a desgarrada não tornastes a trazer e a
perdida não buscastes, mas dominais sobre elas com rigor
e dureza... As minhas ovelhas andam desgarradas por
todos os montes... Portanto, ó pastores, ouvi a palavra
do Senhor...”
Precisamos compreender que clero corrupto sempre
existiu! As mais duras mensagens da Bíblia são para eles
e não para nós. Até o texto de Apocalipse 3:14-22 é mal
interpretado. O endereçamento da advertência é claro: “Ao
anjo da igreja de Laodicéia”. Ao anjo da igreja. Aos
administradores da igreja de Laodicéia.
Tome uma Bíblia na linguagem de hoje e confira.
A Bíblia Viva
traz: “Ao líder da igreja de Laodicéia”.
Portanto, especialmente os líderes religiosos correm o
risco de serem vomitados da boca do Senhor. Eles são os
principais mornos. São eles os grandes “nem quentes e
nem frios”. Os “coitados, miseráveis, pobres,
cegos e nus”. Precisam urgentemente comprar ouro
puro, vestes brancas e colírio. Mas, infelizmente suas
atitudes são do tipo “rico somos e estamos
enriquecidos, e de nada temos falta”!
Roubará o homem a Deus? Dinheiro não! Ninguém está
roubando o dinheiro de Deus quando se abstém de dar para
a igreja dez por cento de seus salários. Os que adoram a
Deus hoje o fazem em espírito e em verdade. Quem deixa
de entregar à igreja dez por cento de sua renda não está
cometendo nenhum furto. Não existe esta possibilidade! O
texto de Malaquias 3:8-10 foi completamente distorcido
para se chegar a uma teologia tão esdrúxula.
A casa do tesouro estava sem mantimento porque era
administrada por sacerdotes desonestos. A casa do
tesouro, um enorme compartimento do Templo destinado à
armazenagem da comida santa, passava por problemas
administrativos. Malaquias então se levanta e envia uma
dura mensagem ao clero judaico.
Roubar a Deus é deixar os órfãos, as viúvas e os pobres
sem comida. Malaquias coloca estes criminosos no mesmo
patamar dos feiticeiros e adúlteros. (Mal. 3:5).
Os dízimos do Senhor estavam sendo desviados das bocas
destes excluídos para as “contas bancárias” dos
sacerdotes corruptos. Por isso a ordem: “Trazei
todos os dízimos”. Uma boa parte não estava
chegando ao Templo e o Senhor dos Exércitos enviaria as
maldições.
A IGREJA NÃO É A CASA DO TESOURO
Os defensores da doutrina do dízimo interpretam muito
mal o texto de Malaquias 3:10 afirmando que Casa do
Tesouro corresponde à Igreja (Associação) e que os
dízimos são dez por cento de nossas rendas. A
contextualização é feita da seguinte forma:
DÍZIMO = DEZ POR CENTO DOS SALÁRIOS.
CASA DO TESOURO = IGREJA (ASSOCIAÇÃO)
MINHA CASA = IGREJA (ORGANIZAÇÃO)
MANTIMENTO = COMIDA (DINHEIRO)
Mas, não se pode tomar um versículo bíblico e aplicar
técnicas de contextualização em apenas parte dele. Se
DÍZIMO, CASA DO TESOURO e MINHA CASA foram
contextualizados logo MANTIMENTO também precisa sofrer a
mesma regra..
Ou deixamos o texto inteiro na sua forma literal ou
contextualizamos tudo. É por isso que MANTIMENTO
em Malaquias 3:10 contextualizado significará A
PALAVRA DE DEUS, o pão espiritual, e nunca o pão
literal, o sustento do clero, o arroz e o feijão que os
pastores compram no supermercado!
Vejamos um outro exemplo:
“O Senhor é o meu Pastor, nada me faltará. Deitar-me
faz em verdes pastos. Guia-me mansamente às águas
tranqüilas” Salmo 23:1,2.
Contextualização:
PASTOR = Líder espiritual. Aquele que nos conduz com
segurança pelos caminhos da vida.
DEITAR = Descansar pela fé. Depor nossos fardos.
VERDES PASTOS = A Palavra de Deus. A alimentação
providenciada pelo Pastor.
ÁGUAS TRANQUILAS = A água viva que acaba com a sede do
espírito. (João 4:13,14)
Imaginemos agora alguém dizer que Jesus é o nosso líder
espiritual (PASTOR), aquele que nos faz descansar
pela fé (DEITAR) e nos alimenta com a Palavra
(VERDES PASTOS). É ele também o Deus maravilhoso que
nos concede um litro de água mineral bem gelada para
mitigar a nossa sede. Que contextualização descabida é
esta que se aplica apenas à uma parte do verso? A
expressão “águas tranqüilas” não pode ter
aplicação literal isolada. Não é H2O.
Desta forma, Malaquias 3:10 contextualizado na versão da
Bíblia na Linguagem do Dinheiro ficaria assim:
“Trazei DEZ POR CENTO DE VOSSOS SALÁRIOS à
ASSOCIAÇÃO para que haja A PALAVRA DE DEUS na
IGREJA.
Ora, a Palavra de Deus pode ser comprada? Se sim, em que
termos? Por hora, por dia, por capítulo ou versículo? A
vista ou a prazo? Com cheque, dinheiro ou cartão de
crédito? E as igrejas que não têm dinheiro? Ficarão sem
a Palavra de Deus? E aqueles que têm muito
dinheiro? Poderão adquirir mais “Palavra de Deus”
que os seus irmãos mais pobres? A quem será paga esta
Palavra? Bancando o salário do clero estaremos
automaticamente pagando a “Palavra de Deus”? E as
igrejas sem pastores como serão? Ficarão sem a
Palavra?
“EU O SENHOR NÃO MUDO” (Mal. 3:6)
Os homens tentaram modificar a palavra de Deus, mas note
que inserido no próprio texto do profeta Malaquias,
antes das instruções dizimistas dos versos 8 a 10 do
capítulo 3, Deus declara que Ele não muda. Uma
importante advertência aos que pretendem modificar o
sentido da mensagem adaptando-a a interesses
financeiros.
Deus não muda porque os dízimos em Malaquias continuam
tendo ligação com à agricultura, com os frutos da vide,
com o mantimento.
Mas, para os obedientes, a benção. Benção detalhada no
verso 11 do capítulo 3. Observe bem a descrição bíblica.
A benção é prometida àqueles que trouxessem os dízimos à
casa do tesouro (e a quem deixasse de roubá-los). Toda a
bênção é de conseqüência agrícola.
“Repreenderei o devorador, para que não vos consuma o
fruto da terra. A vossa vide no campo não será estéril,
diz o Senhor dos Exércitos”.
O que fazem os dizimistas? Tomam a última parte do verso
10 que antecede o texto acima e mudam o sentido da
benção. “E depois fazei prova de mim, diz o Senhor
dos Exércitos, se eu não vos abrir as janelas do céu, e
não derramar uma bênção tal, que dela vos advenha a
maior abastança”.
Ora, abrir as janelas dos céus é oferecer boas condições
climáticas, chuvas, para que a colheita fosse farta. Era
um assunto especificamente destinado aos dizimistas
agricultores. Pessoas ligadas à terra! Os outros
profissionais judeus, pescadores, carpinteiros,
padeiros, guardas, nada tinham a ver com esta briga!
Como então dizer que o devorador aqui é o diabo? Que o
fruto da terra são nossos empregos? Que a abastança é
dinheiro, prosperidade?
É triste a situação daqueles que sempre dão dez por
cento de seus salários para a igreja e ficam aguardando
indefinidamente pela benção da abastança. Quando ela não
vem eles re-interpretam o texto dizendo que a abastança
citada por Malaquias é saúde, paz, amor e esperança.
Uma cadeia de equívocos interpretativos pois quando
lemos estes quatro versos com a devida atenção fica
claro que o contexto é de bênçãos materiais e não
espirituais. Abastança! Colheita farta! Frutos na vide!
Sem devorador! Sem gafanhotos destruindo as lavouras. O
tema é benção material e não saúde, paz, amor e
esperança!
Deus não muda e uma desilusão hermenêutica poderá levar
a outros erros em série. O fim será uma forte decepção
com a religião e com Deus que nenhuma culpa tem neste
processo. Mudaram o texto. Distorceram as palavras de
Malaquias! Mas o nosso Deus continua sempre o mesmo!
ADVERTÊNCIA FINAL
Já que os nossos líderes religiosos querem tomar para si
a aplicação do texto de Malaquias, sugerimos que
absorvam primeiramente a grande mensagem contida no
capítulo 2 verso 7: “Pois os lábios do sacerdote
devem guardar o conhecimento, e da sua boca devem os
homens procurar a instrução, porque ele é o mensageiro
do Senhor dos Exércitos”.
O clero tem a responsabilidade de guardar e de manter o
conhecimento. Pastores e líderes devem passar para o
povo a instrução correta pois são os depositários da
verdade. Precisam parar de ensinar heresias, distorcendo
textos aqui e acolá. Os "sacerdotes" modernos precisam
assumir o papel de mensageiros do Senhor dos Exércitos.
Não podem enganar os filhos de Deus. Onde está a coragem
sacerdotal para dizer à igreja toda a verdade do livro
de Malaquias? “Mas vós desviastes do caminho e a
muitos fizestes tropeçar...” Mal 2:8
Quanto a nós cristãos membros comuns da igreja, não
somos ladrões. Não estamos furtando a Deus. Estamos
livres em Cristo vivendo felizes sob o novo concerto. A
graça de Jesus já nos libertou destes dogmas. Altar de
incenso, circuncisão, dízimos são temas do velho
concerto. Nós vivemos numa outra época. “Cada um
contribua segundo o seu coração. Não com tristeza ou por
necessidade, pois Deus ama o que dá com alegria”.
(II Cor. 9:7).
A superstição criada pela doutrina do dízimo não condiz
com a mensagem de liberdade do novo concerto. A crença
de que seremos amaldiçoados se não dermos dez por cento
de nossos salários à igreja é um engodo e tanto.
Superstição. Simplesmente superstição. Não importa qual
seja o ritual.
Algumas pessoas usam ferraduras atrás da porta, outros
andam com folhas de arruda sobre a orelha e os cristãos
dão dízimos de seus salários para afastar as maldições
de Malaquias.
A superstição é uma ferramenta perfeita nas mãos de
líderes religiosos. Sempre foi assim. Na idade média as
pessoas acreditavam que comprando indulgências
escapariam do purgatório indo diretamente para o céu.
Quanto dinheiro o clero medieval não amealhou durante
séculos explorando a crendice supersticiosa de milhões
de sinceros!
Hoje líderes religiosos árabes enganam jovens humildes
com a “Doutrina da Guerra Santa”. Eles criaram a
superstição que garante o Céu aos muçulmanos que
morrerem em combate. Ser um homem bomba suicida é lucro.
É passaporte garantido para o paraíso eterno.
Também foi uma tola superstição como esta que fez aquele
pobre paralítico “mofar” 38 anos às margens do tanque de
Betesda. Ele e os demais acreditavam que um anjo de vez
em quando aparecia por ali e mexia a água. O primeiro
doente a pular dentro do tanque ficava curado.
Superstições! Superstições!
Hoje, cristãos sinceros deixam de comprar gêneros de
primeira necessidade para pagar dízimos às suas igrejas.
Põe dez por cento de seus salários num envelope,
lançam-no na salva de ofertas e saem aliviados. “Agora
Deus vai me abençoar. Já cumpri minha parte”. A
superstição é tão forte que alguns chegam a pagar
dízimos com cheques pré-datados afim de se livrarem da
maldição de Malaquias.
A SUPERSTIÇÃO é a contramão da GRAÇA. A superstição
manda cumprir exigências a fim de se livrar das
conseqüências. A graça já nos fez conseqüências. Somos a
conseqüência do amor de Deus. Ele tomou a iniciativa e
cravou a lei cerimonial na cruz declarando que somos
livres!
Aconteceu com os discípulos e acontecerá com você.
Embora fossem judeus não eram judeus. Você consegue
imaginar Pedro, Tiago e João pagando dízimos ao Templo,
a instituição corrompida que matou Jesus?
Eles eram homem livres. Os rebentos do novo concerto.
Tinham um ministério de auto-sustentação
descompromissado com o sistema judaico. O único
discípulo de Jesus a ganhar dinheiro da “Obra”
(do Templo) foi Judas Iscariotes. Os sacerdotes
pagaram-lhe trinta moedas pela traição fatal.
Coincidência ou não, era ele também um grande ladrão!
Roubará o homem a Deus hoje? Não nos dízimos! Com
certeza
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DÍZIMOS...
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